Sou isso mesmo que digo que sou?

May Mary Jane • 16 de novembro de 2021

May Mary Jane


May é assinatura de uma identidade que não se reconhece num único ser mas numa interação de vários seres. Tudo que sei, que escrevo, se deve a um vasto campo de vivência e observação sobre a vida e portanto, não poderia ser assinado pelo meu nome de batismo ou linhagem familiar - Mary Jane Pinto Nascimento.

Admiradora da vida, das relações humanas e destas com os demais seres terrenos, possui formação em Psicologia com Ênfase em Educação; Pós Graduação em Psicologia Transpessoal. Atua nos campos das práticas holísticas e sistêmicas, tais como a Terapia Floral, o Reiki, Leituras Energéticas. É também servidora pública do Ministério da Agricultura.  (Texto fornecido pela autora)

@may_terapias_integradas


Sou isso mesmo que digo que sou?


Em tempos atuais, parece haver uma tendência em basearmos nas referências sociais construídas histórica e culturalmente que nos moldam e, por fim, nos encaixam em determinadas estruturas e ou papeis, toda vez que somos incitados a nos apresentarmos e dizer quem somos.


O nome e sobrenome familiar, a profissão, a religião e algum outro segmento social como partido político e time de futebol, por exemplo, parecem dizer mais do que meras representações, uma vez que, ao nos apresentarmos assim, já faz o outro ter uma visão sobre nós que dependerá dos códigos, valores e crenças que ele deposita nestes aspectos que identificamos como sendo nossa identidade.


Acontece, porém, que internamente não nos contentamos com estas respostas que damos ao mundo. No fundo, almejamos ser mais do que nossa profissão diz sobre nós. Até porque, diferentes pessoas atuando no mesmo ramo profissional, o fazem das mais diversas maneiras.  Isso já nos inquieta o suficiente para não querermos dizer que “sou psicóloga”; “católica”; “cruzeirense”; “militante de esquerda ou de direita”.


Sabemos da incompletude destes papeis sociais para afirmar quem somos. No entanto, sobretudo a vida profissional, parece ter alcançado já há muitos anos, um pseudo status de poder dizer quem somos. E quanto mais buscamos externamente por cursos, certificados, ingresso num ou outro nicho de mercado de carreiras, mais nos sentimos perdidos diante de tantas possibilidades onde se encaixariam nossos dons, talentos e sonhos de realização profissional. Pressionamos e restringimos nosso tempo de vida em verdadeiros malabarismos, na tentativa de ter um bom, forte e competitivo currículo que ironicamente chamamos de vitae. Mas onde está a vida de nossos currículos? O que fizemos com nossa vida enquanto nos debruçamos em livros, artigos científicos, técnicos e etc?


Estudamos o quê mesmo? Para quê? Por que?


Além da pressão da sustentabilidade financeira num mundo cuja economia se constituiu pela exclusão, por que nos interessamos por esta ou aquela profissão?


Como queremos dedicar nossas horas de vigor, nossa saúde física e psíquica enquanto vivos estivermos?


As frustrações no mundo do trabalho parecem ter aumentando tanto que não podemos ser indiferentes a elas, uma vez que tem trazido consequências sociais e econômicas complexas e de difícil solução. E parece ter se agravado quando, de alguma maneira, passamos associar palavras e conceitos tais como: missão, profissão, trabalho, carreira, dinheiro. Misturando coisas do mundo subjetivo com coisas do domínio razão e da matéria. Este “sintoma social”, de certa forma, sugere uma tendência de voltarmos a tempos antigos na história da humanidade em que não éramos tão especialistas ao ponto de separarmos a pessoa, o sujeito, daquele que praticava um ofício. Talvez, porque vivíamos em comunidades menores, éramos conhecidos por um conjunto de aspectos nossos, e não somente por um título ou prática profissional. Havia, uma certa liberdade para que o sujeito se manifestasse, se pronunciasse para além das técnicas e outros vínculos afetivos se instauravam durante uma oferta de serviços. Um elo amistoso chegava a acontecer, com trocas mais carreadoras de sentido para aqueles envolvidos nestas interações de consulta e oferta profissional.


No entanto, o distanciamento humano vivido hoje, com esta neutralidade profissional e também pela falta de convivência e consequente desconhecimento daquele que pratica o serviço, tem trazido ocultamente, uma falta de outros vínculos sociais que não meramente profissionais. Agravando sintomas como solidão, medo, insegurança, fadiga e etc.


Há uma desconfiança no ar... e, ao mesmo tempo, uma tentativa empresarial de certificar garantias de serviços baseadas numa satisfação do cliente meramente com relação ao produto recebido, ignorando o fato que este “produto” é um ser humano (ou há um ser humano por trás dele)...alguém que se dedicou com esforço parte de sua vida para chegar a oferecer uma abordagem profissional. É alguém, com nome não apenas para ser rastreado pelas habilidades técnicas e currículo, mas viveu entre familiares e amigos, e estabeleceu uma rede de aprendizagens para além das escolares. Em suma, há um ser humano ali. Não é um robô, depositário de informações para serem aplicadas desta ou daquela maneira. É alguém que pensa. Que sente. Que aspira por dias melhores. Que sonha com conforto material, mas também satisfação pessoal.


Esta lacuna, com acentuada perda de sentido existencial, tem se aprofundado nestes tempos em que o tema da morte nos ronda de perto e nos faz reivindicar um sentido maior para nossas vidas que não seja somente o trabalho. Aliás, palavra cuja origem etimológica nos remete a algo negativo ou ruim, já que deriva de “ tripalium ” que era o nome de um instrumento de tortura.

A insatisfação no universo do trabalho, está diretamente associada ao tempo que nos dedicamos a algo que não tem correspondido à altura de nossos horizontes e perspectivas que criamos enquanto seres que contemplam a vida e reflete sobre si mesmo.


Mesmo quando há satisfação profissional, quando nos sentimos realizados com a forma com a qual nos apresentamos ao mundo social, um ou outro aspecto de nosso ser clama por ser também visto. Clama por um reconhecimento que parece nunca se realizar, uma vez que são dimensões do ser bastante discretas socialmente, dado a pouca visibilidade de mercado. No entanto são dimensões que nos são muito caras. Pois sabemos que se tratam de virtudes que aprendemos a cultivar em todas as demais relações sociais. Secretamente sabemos e gostaríamos de sermos valorizados também por nossa história de vida. Também pelos caminhos que aprendemos a recusar ou aceitar e que foram essenciais para que este profissional pudesse se apresentar hoje. Não foram somente as horas de estudo, mas aquilo que vivíamos ou não vivíamos enquanto estávamos nos preparando. De maneira que quando dizemos ser este ou aquele tipo profissional, estamos limitando e negando nossas tantas outras maneiras de ser e de viver.


Que possamos ampliar nossas visões sobre nós mesmos e termos oportunidades externas para expressar quem verdadeiramente somos.


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