O pássaro
O pássaro
"Faça-se a luz" disse a sabedoria divina.
Ilumina os caminhos de todas criaturas.
Libertai os olhos da escuridão na sina,
Permitais os frutos das diversas culturas.
Compareça humano, e viva no paraíso
Propague-se livre, por territórios sem fim.
Construas os laços convenientes ao riso,
E, acima de tudo, respeitem a Mim.
Milênios se passaram e o domínio ocorreu,
Um pássaro inocente encantava o céu,
Pousou na armadilha e nunca entendeu,
Elaboraram cárceres, escolheram o réu.
O reduto de crenças fervilhava na terra.
Ocultava a verdade das mentes ocupadas,
De ilusões efêmeras e atentas à guerra,
Negavam ao ser, consciências emancipadas.
Tal qual o pássaro cativo a trinar seu canto.
Que lhe resta no peito para atravessar os dias,
Expresso em versos o interminável pranto.
Perpasso as redomas com as minhas poesias.
Nas excelsas memórias de um reino eterno,
O humano anseia por recuperar o juízo,
Carrega no inconsciente o desejo sincero
De merecer, um dia, voltar ao paraíso.
E o pássaro... liberto da vã tolice humana,
Voou em busca de um renovado paradeiro,
No poder de suas asas, no universo plaina,
E jamais recordara, do tempo de cativeiro.