A rosa e o caminheiro
A rosa e o caminheiro
Por Sidney Jorge
Certa vez, em uma das andanças pelos caminhos da vida, no devido espaço e tempo, avistei ao longe algo que chamou a atenção. Continuei andando e, ao chegar mais perto, constatei uma rosa magnífica, encantadora, tão espetacular que nunca havia visto e presenciado algum ente tão agraciado como aquela rosa. Parei diante dela e contemplei aquela obra do Criador, perguntando-me por que razão ela estaria ali? Por que ela nasceu naquele lugar à margem da estrada? E, por que aquele esplendoroso e agradável perfume que exalava? Apenas um pensamento efervescia na mente: tenho que me apropriar dela, devo levá-la comigo, assim será apenas minha e de mais ninguém. Poderei exibi-la aos olhares e ser aclamado por ser o dono de tal preciosidade. Inclinei-me a ela e disse-lhe:
- Ó, Rosa, como és linda, majestosa, vistosa, perfumada, natural, contrastada perfeitamente com o verde de tuas folhas, real, especial, inspiradora... como podes apenas ficar aqui no caminho longe de tudo? Deixa-me arrancar-te deste chão e levar comigo tu e todas as tuas maravilhas para que eu seja feliz?
A rosa olhou-me fixamente com os olhos entreabertos, em silêncio, durante um pequeno intervalo, suspirou profundamente e respondeu-me:
- Caminheiro, trouxe-me satisfação tua visão em relação a mim. Espero que acolha minha compreensão ao teu desejo e poderá levar contigo minha beleza, meu significado, minha realeza, meu perfume, enfim, todos os meus portentos... aí estará a tua felicidade, entretanto, não me arranca das minhas raízes, aí estará a nossa felicidade.
Aquela fala alcançou-me intensamente o coração. Entendi e segui caminhando e até hoje trago na lembrança a grandiosidade daquele encontro e daquele diálogo.