Eleições 2020 – novos tempos e velhas campanhas eleitorais.
Por Cláudia Chaves Martins Jorge
O TSE traçou um Plano de Segurança Sanitária para as eleições municipais em razão da Covid-19. Para alertar os eleitores de como devem se comportar, foi lançado um card com as instruções básicas. E, com o slogan “Vote com segurança”, a preocupação do TSE é evitar aglomerações nas mais de 401.000 seções eleitorais espalhadas por todo o país.
As principais orientações são para que o eleitor confira previamente o seu local de votação, já saia de casa com máscara, se possível leve a própria caneta, que mantenha distanciamento de pelo menos 1 metro e evite contato físico com outras pessoas, que limpe as mãos antes e depois da votação e que se evite levar crianças. Aos maiores de 60 anos, que deem preferência para votar entre 07h às 10h e qualquer atividade que precise retirar a máscara, como comer ou beber, seja evitada dentro dos locais de votação. A preocupação também é estendida aos mesários que receberão álcool em gel, máscaras e protetores faciais.
Apesar de todas as orientações do TSE, boa parte dos candidatos tem feito exatamente o contrário. Basta ligar a televisão ou acessar as redes sociais e o que mais se vê é a velha e boa campanha eleitoral com direito a fotos abraçados a eleitores, cumprimentos com aperto de mãos e apoiadores aglomerados. Chega-se ao absurdo de tirar a máscara para sair bem nas fotos. Ou seja, de nada adianta as orientações do TSE se os próprios candidatos não atendem.
Já se tornou cansativo falar em “novo normal”, temos o “novo” e nada de normal. Tudo o que era referência antes precisou ser alterado. E a forma de fazer campanha também deveria se adequar. Em alguns locais, apoiadores ficam próximos a sinais de trânsito ou mesmo pelas ruas, balançando bandeiras e distribuindo panfletos que, além de causarem sujeiras pelo chão, podem ser fontes de disseminação da Covid-19, pois de acordo com pesquisa divulgada pela UFRGS, o vírus pode sobreviver por até 5 dias em papeis. Aqueles que distribuem os famosos “santinhos” pelas ruas, deveriam higienizar as mãos com álcool em gel periodicamente e manter distância ao abordarem as pessoas.
É um engano achar que a pandemia acabou porque simplesmente todos já se esgotaram de ficar em casa. O comércio e outros segmentos já retomaram as atividades, mas até o dia 18/10/2020, foram confirmados no mundo 39.442,444 casos de COVID-19 e 1.106,181 mortes e o Brasil ocupa o terceiro lugar no ranking dos países com maior número de casos, perdendo apenas para os Estados Unidos e Índia ou seja, não é hora de relaxar os cuidados.
Sabe-se da importância da eleição e do exercício deste processo democrático. A fase de campanha é o período que o candidato tem para mostrar à população a que veio, e qual o seu projeto de governo. Porém, manter os velhos hábitos não cabe mais, porque o país pode acabar entrando numa segunda onda de casos em razão das aglomerações. Cabe aos candidatos, eleitores e apoiadores seguirem as orientações do TSE e da OMS sobre os protocolos de segurança e higiene, afinal Prefeitos e vereadores devem sempre pensar no interesse da população e, nada melhor que começarem a zelar pela saúde de todos ainda em época de campanha.
Referências:
O card do TSE – (https://www.tse.jus.br/imprensa/noticias-tse/2020/Outubro/campanha-vote-com-seguranca-orienta-sobre-os-cuidados-durante-as-eleicoes-2020)
Dados da UFRGS sobre quanto tempo o vírus da Covid-19 sobrevive em superfícies: (https://www.ufrgs.br/telessauders/posts_coronavirus/quanto-tempo-o-virus-que-causa-o-covid-19-sobrevive-em-superficies/)
Dados atualizados até 18/10/2020 dos números da Covid-19 no mundo: (https://covid19.who.int/)