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Sobre o perdão III – as redes sociais

Sidney Jorge • ago. 06, 2021

Sobre o perdão III – as redes sociais

Um tema instigante: como pensar a “realidade” das redes sociais que atualmente absorve grande parte da comunicação social?


O texto Sobre o perdão destaca a importância deste sentimento. Na sequência, o texto Sobre o perdão II – “tempo de falar” apresenta, através da citação de uma história¹, profunda mensagem do reconhecimento de como as palavras podem fazer mal as outras pessoas. Conta que uma pessoa foi procurar um santo em um convento porque estava arrependida de palavras ditas por ela e que  magoaram toda uma cidade. O santo pega um livro velho de muitas páginas, convida a pessoa para uma caminhada e pede que ela arranque uma a uma as páginas do livro e as soltem pelo caminho... Era um dia de muito vento e a folhas voavam pelo ar. Ao atravessar a cidade o santo pede que ela volte e recolha todas as páginas do livro que foram arrancadas e soltas pelo trajeto. A pessoa assustada responde que seria impossível dada a força do vento. O santo observa que as palavras são assim, quando proferidas não há como desdizê-las, elas espalham-se e não tem como recuperá-las. Mas que o remorso que sentia era o começo para perdoar-se e ocupar-se em tomar muito cuidado nas suas palavras após esta profunda experiência.


Esse resumo da história ajuda a pensar no efeito que as redes sociais têm com as palavras ditas ou escritas. Uma vez expressadas, saem como as folhas dos livros arremessadas ao vento, só que desta vez perdem-se no limbo da virtualidade, entretanto, impactam na realidade. São tantas frases agressivas, polarizadas, desnorteadas que esvaziam a oportunidade de compreensão do seu próximo como irmã ou irmão. O importante é “lacrar” doa a quem doer. Muitas famílias e amizades são afetadas por expressões veiculadas nas redes sociais. Muitas opiniões são logo discriminadas sem nenhum aprofundamento ou reflexão rumo a ruptura do convívio nas famílias e comunidade. Um perde ou ganha, onde, na verdade, todo mundo perde devido à falta de reflexão. Grande parte das postagens tratam-se de reproduções de mensagens, vídeos, ”lacrações” alheias, feitas com algum propósito. Mas, ao repostar uma opinião ou mensagem de outrem, claramente há a apropriação e validação daquelas palavras e, pior quando são ofensivas, estigmatizando os frequentadores da própria comunidade virtual.


Outra percepção é de haver extrema confiança em certa imunidade quando a comunicação se limita às redes sociais. Muitas pessoas expressam-se como se fossem deuses da verdade, da moral, da justiça, da fé e, infelizmente, do ódio, indiferente à repercussão dos conteúdos disseminados. A sensação de invulnerabilidade à frente de um computador ou smartphone permite a divulgação de vários comportamentos muitas vezes agressivos podendo causar grandes estragos na vida e na saúde mental de pessoas afetadas por mensagens ruins. Tem-se noticiado muitos casos de depressão, tristezas, conturbação mental e outros males² despertados por abordagens odiosas em redes sociais. Começa em opiniões polarizadas e termina em ofensas pessoais, desconstruções de qualificações, variadas discriminações, causando estragos nas relações e na vida das pessoas.


Reconhecendo a necessidade, a descentralização e a independência que as redes sociais trazem a comunicação social e, a impossibilidade da sociedade contemporânea em se desprender delas, essa leitura deseja propor a conscientização do alcance das palavras, atualmente, potencializadas, como o vento da história, na imensurável dinâmica das redes. Assim sendo, o convite é para uma autorreflexão antes, durante e depois de ler, pensar, postar, repostar as mensagens nas redes. Talvez se encontra aí o desejo de se perdoar e de reconhecer a dificuldade de reconstruir um livro que teve suas páginas de sentimentos ruins alçadas à ventania das inúmeras redes sociais espalhadas na internet. O perdão é sempre libertador, como refletiu-se nessa série de três textos. É um desafio, entretanto, poderia ser um caminho para requalificar e redirecionar para o bem o impacto das mensagens veiculadas, compreendendo a dimensão humana e divina presente nas pessoas. Encontram-se muitos compartilhamentos saudáveis e edificadores também, mas é sempre bom refletir que além das polarizações, importantes ou desnecessárias, existem pessoas em suas lutas cotidianas em busca de dias melhores, oxalá esses dias, pautados na disseminação do bem, abranjam a toda sociedade. 


Referências:


  1. Araújo, Paulo de. A dança do tempo: nossas vidas nossas perdas. 4ª edição. Petrópolis, RJ. Vozes, 1995. p,85 a 87.
  2. https://www.redebrasilatual.com.br/cidadania/2021/01/onu-combater-discurso-de-odio-nas-redes-sociais-e-grande-desafio-para-a-humanidade/
  • https://olhardigital.com.br/2021/08/04/internet-e-redes-sociais/filho-da-cantora-walkirya-e-encontrado-morto-apos-sofrer-odio-nas-rede -sociais/
  • https://www.politize.com.br/discurso-de-odio-o-que-e/#
  • https://www.cnnbrasil.com.br/nacional/2021/04/06/discurso-de-odio-nas-redes-sociais-repete-padrao-de-preconceitos-da-sociedade
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