Em tempos de Relativização

Sidney Jorge • 19 de setembro de 2020

Em tempos de Relativização

Sidney Jorge


O ano de 2020, desde seu início, apresentou-se como um período totalmente atípico daquilo que estávamos acostumados ver. A notícia mundial causava perplexidade, pois um vírus conhecido e ao mesmo tempo desconhecido revelado na região de Wuhan espalhava-se desgovernado mundo afora . O que era “coronavírus” virou SARs-COV-2 e COVID-19. O fato é que a proporção do contágio e óbitos resultantes da proliferação do vírus trouxe para o ano uma pandemia. No Brasil, ainda tivemos arriscadamente o carnaval. Desconhecia-se ou negligenciava-se o impacto vindouro. A chegada do vírus revelou-se implacável por aqui, trouxe medo para alguns, ousadia para outros, pseudo indiferença para tantos e risco para todos, principalmente aos cidadãos identificados como grupo de risco e aos atores da saúde, linha de frente no combate e esperança das pessoas que apresentavam os sintomas característicos da doença. Importante registrar um desentendimento governamental no gerenciamento de políticas universais para acudir o povo, que ficou confuso diante a ausência de diretrizes referenciais. As iniciativas ficaram mais regionalizadas.


Assim encontramos o caminho para a reflexão. Alguns cuidados foram apresentados. Primeiramente, o isolamento e distanciamento social, “fica em casa” foi a ordem do dia, não para todos, alguns serviços considerados essenciais carecia dos trabalhadores e trabalhadoras para funcionar, mercados e farmácias estavam na lista (lembrando que isto não era unânime). A máscara tornou-se essencial. Álcool em tudo o que é ambiente. Cumprimento com as mãos, sem chance. Visitas, encontros sociais. Não. Escola, digamos, ainda bem que não. Viagens, de forma alguma, ocorrendo inclusive barreiras em determinados locais. Tudo isso ocorreu e ocorre ainda em tempos de pandemia como se refere os noticiários.


Mas os tempos de pandemia trouxeram-nos tempos de relativização. Escolas, universidades, shoppings, igrejas, instituições públicas e privadas, lojas diversas, linhas de produção, praças e muitos outros setores foram obrigados a fechar como meio de evitar, diminuir a intensidade de propagação do corona-vírus e precaver um temível colapso no sistema de saúde. Dois medos tiveram destaque na sociedade brasileira o colapso sanitário e econômico. De fato, eram pertinentes, pois muitas empresas de pequeno porte fecharam as portas. Trabalhadores autônomos ficaram sem a renda costumeira. O Congresso e Governo encaminharam um auxílio emergencial à população de baixa renda (600 reais que atualmente está em discussão se continua, diminui, ou para definitivamente, até porque não há fundos para mantê-lo por muito tempo), a medida serviu para movimentar a economia.


O retrato acima, apesar de reduzido, provocou outras atitudes na sociedade, o uso de máscara passou a ser obrigatório, álcool nas casas e em todos estabelecimentos, limitação do número de pessoas em instituições bancárias, farmácias e supermercados, distanciamento entres as pessoas, ficar em casa foi via de regra para evitar aglomeração. Após sete meses diante essas providências, o saldo revela mais de 135 mil óbitos relacionados ao Coronavírus, mais de 4,4 milhões de infectados e em torno de 3,7 milhões de casos recuperados de acordo com o portal do Ministério da Saúde (covid.saude.gov.br).


Outras mudanças repercutiram e impactaram nos cidadãos e cidadãs. O estudo tornou-se online e as audiências judiciais também. Reuniões e votações do poder legislativo ocorreram via internet. As eleições municipais tiveram a data adiada e a forma da campanha eleitoral teve modificação. Cultos religiosos via redes sociais. Muitos trabalhos foram realizados no modelo “home office”. É certo que toda rotina foi alterada e estávamos diante uma nova forma de ver o mundo, de dentro de casa. A internet, tão necessária, apresentou-se como uma deusa suprema a nutrir as necessidades de comunicação e entretenimento. As vendas online dispararam enriquecendo ainda mais os donos de portais de vendas eletrônicas. É como se as pessoas incorporassem “o mito da caverna retratado no Livro: A República, de Platão e passassem agora a nomear, paralisadas, as sombras oferecidas pela virtualidade da Web em forma de lives, streamings, musicais, eventos religiosos, reprises, partidas de vídeo games, incluindo personalidades apresentando suas ‘‘imprescindíveis” agendas domésticas diárias.


A consequência disso foi uma relativização daquilo que se tinha como prática cotidiana. O impacto de tanta mudança, provocou insegurança e incertezas na vida das pessoas que, aos poucos, retornam desconfiadas ao chamado “novo normal” completamente modificado pelas nuances estabelecidas pelo vírus e suas consequências, entretanto, mesmo percebendo de maneira diferente o mundo de hoje de forma alguma podemos relativizar a fé, a justiça, a segurança e principalmente a vida.


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