Nas asas da imaginação
Nas asas da imaginação
Por Sidney Jorge
Quanto custa imaginar? Quanto se paga pela imaginação (imagem+ação)? Praticamente nada. Pronto. E se propusermos dedicar um pouco de tempo para exercitar a imaginação? Algumas vezes nós ouvimos as seguintes falas: vou cortar as asinhas dele ou dela. Ah! Tem que cortar as asas ou asinhas dele ou dela porque está imaginando coisas absurdas. E isso ocorre principalmente quando se propõe algo que foge de nossas regularidades, de nossas crenças, de nossos pré-conceitos.
Uma vez, quando jovem adolescente, pode-se dizer, fazia curso em um hotel onde surgiu a necessidade de retirar uma caldeira de um cômodo. A administração depois de algumas reuniões, sem achar uma solução, resolveu pendurar um papel e uma caneta no corredor para sugestões. Apareceram várias. Por curiosidade, fui ao local e vi um pequeno buraco redondo na laje do teto que talvez passasse uma bola de futebol, mas uma caldeira naquelas proporções, jamais. Fui até o papel e escrevi minha sugestão: o melhor seria tirar a caldeira pelo buraco do teto. Ri, era uma piada. Os amigos riram. Grande foi a surpresa ao perceber que depois dessa escrita o papel fora retirado. Pronto, a “merda” estava feita, agora iriam descobrir e punir o comediante de ocasião, pensei. Maior ainda fora a surpresa ao saber que o papel fora retirado porque aquela havia sido a melhor sugestão. E a surpresa fora muito maior ainda quando vi um guindaste estacionado aos arredores do hotel com os operadores olhando o local para orçar e executar o serviço. Sim, teria que aumentar o espaço na laje para o objeto passar. Depois de bastantes conversas, apesar de ser mais trabalhoso, entenderam e optaram em retirar a caldeira, alargando a porta e, usando dois macacos jacarés para transportá-la pelos corredores bem devagar até alcançar o veículo para levá-la. Sem dúvidas, minha imaginação viu o que não tinham visto ainda e depois, viram outra solução.
Qual a melhor solução? Existem várias. Infinitas possibilidades. Qual a melhor??? Começa na IMAGINAÇÃO. É uma dádiva, não custa imaginar. O convite é para dedicarmos um tempo em sentar numa cadeira, no chão, na cama, na grama ou deitar e imaginar, deixar fluir, dar asas à imaginação, com a mente e o coração. Ou, simplesmente recuperar àquelas que, talvez, foram confundidas em nossa infância ou, por nossas crenças limitantes e sem perceber continuamos validando vida à fora as referências negativas . Programados mentalmente a não ver ou imaginar. Lembra da história da águia, que ao ser criada com as galinhas, acreditava ser uma galinha? 1
Imaginar é ser águia, é voar para ver mais longe, ver globalmente.
Imaginar é um exercício de soltar, de deixar fluir, de criar, de recriar, de desconstruir paradigmas e crenças limitantes.
Imaginar é sentir-se livre para sonhar, para retomar os sonhos.
Imaginar é ver além, significa ver o que ainda não viram e fazer disso uma oportunidade, um diferencial em nossa vida e na vida das outras pessoas.
Imaginar é colocar o pé na estrada, é libertar-se, é seguir em frente, para frente, sempre.
Imaginar é deixar ir o medo, a ansiedade, a raiva, a tristeza, o desânimo, a culpa, a vergonha, o orgulho, as influências negativas.
Imaginar é abrir e aumentar os espaços mentais, espirituais, emocionais, sentimentais, afetivos e de prosperidade.
Imaginar é ser.
Imaginar é ser gente, ser pessoa.
Imaginar é ter, antecipadamente, o poder de construir novas e melhores realidades.
Imaginar é viver.
Referência:
1 - Boff, Leonardo. A águia e a galinha - uma metáfora da condição humana. 23ª ed. Vozes, São Paulo. 2006